sexta-feira, 7 de outubro de 2011

“LÍNGUA PORTUGUESA”
Última flor do Lácio, inculta e bela, 
És, a um tempo, esplendor e sepultura: 
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela… 
Amote assim, desconhecida e obscura, 
Tuba de alto clangor, lira singela, 
Que tens o trom e o silvo da procela 
E o arrolo da saudade e da ternura! 
Amo o teu viço agreste e o teu aroma 
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma, 
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo, 
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! Olavo Bilac (1865 – 1918)

Nenhum comentário:

Postar um comentário